quarta-feira, março 04, 2009

"Personalização"

Os dados completos da última sondagem da Marktest já podem ser encontrados aqui. Há um gráfico que não mostro há muito tempo, o da popularidade dos líderes. Mostro de seguida os dados da Marktest (porque os da Eurosondagem, tal como apresentados no Expresso, estão sistematicamente incompletos de há meses para cá e o site da SIC é uma confusão pegada onde nunca se encontra nada). Cada valor corresponde ao saldo entre opiniões positivas e negativas, corrigido pela percentagem de não respostas.

Isto para dizer duas coisas. Primeiro, que a vida não está fácil para ninguém, Presidente incluído. Segundo, que concordando genericamente com o que a Marina diz sobre a "falta de novidade" da "personalização da política", isto (o "Movimento Sócrates 2009") é capaz de ser um bocadinho exagerado à luz daquilo que o "líder" parece ter para oferecer em valor eleitoral acrescentado.

5 comentários:

Pedro Braz Teixeira disse...

Nunca percebi a lógica do saldo de opiniões. O que é que interessa que um eleitor do CDS não goste do líder comunista? O que é que interessa que um eleitor sem partido definido ache graça ao Louçã, sem nunca ter votado nele?

Mas, off-topic, gostava de saber se tem conhecimento de alguma organização que faça questionários regulares sobre quais são os temas que mais preocupam os portugueses? Ou mesmo que sejam só questionários esporádicos...

Unknown disse...

Acho que estes dados são mais úteis, precisamente, para comparar avaliações feitas sobre líderes de partido ideologicamente e programaticamente próximos, que competem em parte pelo mesmo eleitorado, e onde o voto pode ser mais ditado por avaliações das qualidades dos líderes. Assim concordando genericamente com o que diz, acho que é útil termos os dados dos três líderes políticos acima.

Resposta à segunda: não tenho, infelizmente. O mais próximo disso que me ocorre é o Eurobarómetro (2x por ano).

Anónimo disse...

Proposta para gráfico (claro que dá trabalho): evolução dos NS/NR nas sondagens e comparação com o nível de abstenção nas eleições subsequentes.

Comentário:

Uma coisa que posso reparar nos resultados em bruto é que o PSD tem apenas -4% do que o PS. Será que em eleições anteriores esta diferença dos resultados em bruto é tão curta?

Comentário sobre a margem de erro assumindo uma amostra aleatória (o que não foi, mas tb não há problema o que interessa é que as variáveis sejam iid, o que de facto não se pode garantir)

Penso que a 5% de nível de significânica será qq como 1.96*sqrt(p(1-p)/n) o que no caso do PS com 18.6% será de 2.68% logo o intervalo de confiança é de [16;21.36] e a do PSD de 2.4% com i.c. de [12.2;17].
Se a margem de erro reportada é a máxima margem de erro então será 0.98/sqrt(n) o que no caso dá 3.4%.
Mas isto para os resultados em bruto.
Se considerar os resultados sem os NS/NR (então e considerando que os NS/NR são tb iid e portanto os respondentes tb o são) então a margem de erro será 0.98/sqrt(413)=4.8%. Mas se calcularmos individualmente para cada partido o do PS será de 4,7% com i.c. de [31.6;41] e a do PSD será de 4.3% com i.c. de [24.3;32.9].

Dos intervalos de confiança a sobreporem-se poderíamos dizer que era too close too call.

Mas:

Testar se a Percentagem do PS (p)- percentagem do PSD (q)=0 para nível de significância de 5% com H0dif=0 e HA dif>0.

O erro padrão da diferença é dado por sqrt((p+q-(p-q)^2)/n) logo o teste pode-se fazer de uma normal a partir de:
(diferença estimada-zero)/erropadrao

Para a amostra total temos um p-value de 2.6%, logo a diferença é significativa a 5% mas não a 1%.

Para a amostra sem os NS/NR o p-value é de 2.501%, logo a diferença é significativa a 5% mas não a 1%.

Assim podemos concluir que o PS tem mais votos do que o PSD mas não de uma forma completamente robusta.

PS: Se houver erros tente corrigir, não sou um estatístico profissional e estou a assumir sempre que as observações da amostra são iid.

Pergunta 2: A correcção final não aumenta ainda mais o erro padrão e mitiga a significância estística do resultado obtido?

Anónimo disse...

Falta uma suposição no teste final (as correlações das percentagens no PS e PSD serem serem -1). O que só é uma aproximação.

Anónimo disse...

Resultado da Eurosondagem:
CDS 7,7
PSD 28,3
PS 39,0
PC 9,6
BE 10,4

Apesar da parca credibilidade da Eurosondagem, convirá estimar a distribuição de deputados com as % obtidas da sondagem:

CDS 14 deputados
PSD 74 deputados
PS 103 deputados
PCP 20 deputados
BE 19 deputados

PS faz maioria com qq partido: está na hora de cada um dos 4 partidos mais pequenos dizerem qual o seu preço para aceitar o apoio ao governo PS.